No ChangeNOW, em Paris, algumas vozes trouxeram a Governança no centro do debate sobre sustentabilidade.
Indy Johar. Clover Hogan. António Pinto Leite.
Aqui, compartilho três pontos que esses líderes abordam:
->Indy Johar
“A maior parte dos danos que causamos ao planeta são externalidades de sistemas mal projetados.”
Durante evento promovido pela For Good Leaders, Johar nos convida a parar de tentar consertar o comportamento das pessoas e começar a redesenhar as infraestruturas que moldam esse comportamento: cidades, contratos sociais, fluxos de capital, governança pública.
A lucidez que ele nos oferece é essa: não se trata apenas de mudar indivíduos — trata-se de mudar sistemas.
A verdade é que, apesar de serem indivíduos que desenham os sistemas, há peças-chave que, se não forem movimentadas, nos mantêm girando em círculos.
Ou seja, sem acionar alavancas institucionais — como a governança pública, o financiamento, os marcos legais, as diretrizes empresariais — corremos o risco de tapar o sol com a peneira.
E isso pode até ser válido… mas não será eficaz.
->Clover Hogan
“Você não pode resolver uma crise com as mesmas histórias — nem com os mesmos lobbies — que a criaram.”
Em um painel sobre lobby e influência política, Hogan foi direta: a crise climática não é apenas uma crise ecológica — é uma crise de narrativa, de acesso ao poder e de uso da influência.
Ela questiona quem está moldando o debate público, quem ocupa as salas de negociação e quem, de fato, representa o interesse das próximas gerações.
Sua lucidez está em nomear o que muitos evitam: a sustentabilidade será sempre limitada se os mecanismos de influência permanecerem nas mãos de quem lucra com o status quo – ou seja, trata-se de reconfigurar os espaços onde o poder opera.
Lobby não é um problema em si. O problema é quem o exerce, com qual propósito.
António Pinto Leite
*Pinto Leite nem estava lá – seu nome veio em uma conversa com Lucas de Lima, da BELAT 🇨🇱 🇦🇷 🇺🇾 🇧🇷, durante uma reunião no Change Now.
Ele entende que sustentabilidade precisa estar ancorada em estruturas jurídicas confiáveis, mecanismos econômicos que façam sentido e diretrizes éticas que alinhem visão e prática.
Em comum, os três estão atentos às condições que tornam determinadas ações e intenções possíveis, legítimas e sustentáveis, para não corremos o risco de propor transformações sem solo onde possam se sustentar.
Quando falamos em uma visão sistêmica da sustentabilidade — uma agenda complexa, interdependente e que exige soluções multiníveis —, olhar para a governança é primordial.
Estamos realmente configurando arranjos à altura da complexidade?
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